sábado, 7 de setembro de 2013

Texto excelente do meu pensante, e por isto querido e eterno, professor de História Moacir Gama Junior. Não sei vocês, mas, não só no dia 7 de setembro, mas em quase todos os dias, me pergunto, angustiada, onde está o sol da liberdade em raios fúlgidos e a paz do futuro e a glória do passado que o hino nacional tanto fala a respeito disto que chamamos de nação. Num embrulhado de sentimentos negativos que teimam em permanecer em mim (claro, porque não se vê mudança positiva significativa alguma na conjuntura política nacional- sai mandato, entra mandato e continuamos na mesma m****), me deparo com esse texto que "traduz" todos os meus sentimentos a respeito do tema. No fim das contas, nenhum consolo e a pergunta permanece: Independência?

"Ontem, minha filha comentou e perguntou sobre a independência do Brasil, 7 anos de idade, 2º ano infantil, o que responder? Tarefa difícil para um professor de História. O que falar desse sentimento histórico barato, manipulado, escarro de um processo histórico grotesco? De grandes privilegiados e abastados, de um país elitizado, superficial e estereotipado. Que independência realmente nasceu de um acordo de gabinete entre elites locais, governo português e inglês com total exclusão popular? Como enaltecer conceito de nação, sentimento patriótico, conceito de povo, se somos apenas público de uma coisa pública que não funciona? Deixemos de lado os factóides e mergulhemos no escancaramento da história, pois o 7 de setembro de José Bonifácio não pode se perpetuar como algo incrível, digno de reverência, de mudança e conquista, o que realmente conquistamos? Companheiro, saia de sua bolha e olhe a sua volta, recolha-se a sua insignificância em aceitar tamanha fraude aos filhos da pátria mãe gentil. Um país Edenizado por Cabral e Caminha que, de Paraíso se perpetuou em capitanias hereditárias urbanas, tão díspares quanto antes, mas cantadas nos desfiles patrióticos. O que Márcio Moreira quis boicotar? O que o jovem D.Pedro I, sujo de fezes, inebriado pela farra, cuspido pelas cortes inglesas e portuguesas realmente gritou? Ele realmente gritou? O ultraje das penitenciárias, dos hospitais e das escolas, eles não ouviram, mas querem que eles ouçam, hoje, o brado retumbante? Poupe-nos de tamanha vulgaridade, são nas meias e cuecas, nos paraísos fiscais, nos empresários favorecidos pelo setor público, nos partidos sórdidos, na alta concentração de riquezas e na lógica do ter e não do ser, que este país deve ser cantado, cantemos o esquema PC, o funding-loan, o esquema oligárquico, o paternalismo, o populismo, o Macarthismo, o Mec-usaid, o bolo do milagre econômico, a SUNAB de Sarney, o impeachment de Collor, as privatizações e as políticas sociais de FHC, Lula e Dilma, tudo escorrendo como Whisky 513 anos dos rios do congresso, numa festa só compreendida na microfísica do poder de Foucault. E o sol da liberdade serve a quem? Como explicar para minha filha?"
 
Cadica

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