domingo, 9 de junho de 2013


POR QUE TER CIÚMES???
Depois de passado algum tempo de relacionamento é comum questionar se o sentimento do outro continua o mesmo do início, ou se algo mudou. A chama do amor continua ardendo como antes? Ainda que esteja tudo bem no rela
cionamento, alguns malditos fantasmas ficam rondando.
Muitos acreditam que a origem do ciúmes é decorrente de algum outro fator maior, que coloca em risco nossa segurança afetiva, pois nós depositamos, nas coisas e nas pessoas um valor de propriedade que representa nada mais nada menos que nós mesmos.
Mas por que sentimos ciúmes? Este sentimento é movido por dois outros fatores emocionais: a posse e a insegurança. E tudo isso, aliado ao medo de perder a pessoa amada, são os culpados por esse inferno particular. E então? O que fazer? O primeiro passo é perder o orgulho e assumir que você é uma pessoa ciumenta.
Afinal, sentir ciúmes é normal. Tão normal quanto sentir saudades, por exemplo. Mas, ainda como a saudade, o ciúme é um sentimento normal quando surge como resposta a uma situação real, imediata, com sua duração limitada a um tempo que nem sempre é definido, porém certamente limitado...
É preciso aprender a respeitar limites, ninguém é dono de ninguém. Todos precisam ter sua individualidade, amigos e principalmente liberdade. Valorize-se e ame-se. Assim vai ser mais fácil lidar com este sentimento.


  Cadica

segunda-feira, 3 de junho de 2013



Junho

 

Mês do Sagrado Coração de Jesus

 

“Tende em vós os mesmos sentimentos de Jesus Cristo” (Fil 2,5)

Assim como o mês de maio é dedicado a Nossa Senhora, o mês de junho na Igreja Católica é presidido pela presença amorosa do Sagrado Coração de Jesus.  Devoção nascida na Europa, em Paray le Monial, a partir de uma experiência mística da religiosa visitandina Santa Margarida Maria Alacocque e propagada pela Companhia de Jesus, tendo à frente São Cláudio de la Colombière, diretor espiritual da religiosa em questão, a devoção ao Coração de Jesus espalhou-se rapidamente pelo mundo inteiro, inclusive no Brasil.

Em que consiste essa espiritualidade do coração de Jesus, que, apesar de sua proveniência europeia, teve tanto êxito em terras brasileiras, sobretudo no primeiro quartel do século XX, quando cresceram e vicejaram muitas associações como o Apostolado da oração e congregações missionárias inspiradas neste carisma?

Na verdade, o coração de Jesus é o centro de sua pessoa e seu mistério.  Através desse coração, Jesus de Nazaré, Deus encarnado no meio de nós, se comunicava ardente de amor com seu divino Pai e derramava sua amorosa compaixão sobre todos aqueles e aquelas que dele se aproximavam necessitados de cura, consolo ou vida em abundancia.

A cristologia (a parte da teologia que reflete sobre este mistério da pessoa de Jesus Cristo) não se desenvolve apenas conceitual e especulativamente.  Assim é que um método meramente histórico-crítico positivo não dá conta de toda a complexidade da figura de Jesus de Nazaré e de seu significado para a fé cristã e a teologia. 

                   O Cristo da fé, portanto, de acordo com os teólogos contemporâneos, não é um conceito cristológico oposto ao do Jesus histórico, mas o integra e assume em sua totalidade. A unidade dinâmica entre o Jesus histórico e o Senhor ressuscitado e exaltado à direita do Pai - este é o Cristo da fé, este é Aquele que é confessado pela boca das testemunhas, "que viram e dão testemunho", esta é a figura central dos Evangelhos e de todo o Novo Testamento. O coração deste Jesus que viveu entre os homens e mulheres e os / as marcou com sua presença e seu amor é, portanto, o centro da experiência amorosa relacional que mobiliza pessoas e grupos que nele creem como seu Senhor e seu Deus. 

         Os Evangelhos não são biografias, nem o Novo Testamento em sua totalidade, um documento meramente histórico.  Mas, sobre uma base histórica real e autêntica, os autores neotestamentários oferecem sua interpretação de fé dos fatos histórico-transcendentes que marcam a vida, morte e ressurreição de Jesus.  Aproximar-se dele é aproximar-se do mistério de sua pessoa, de sua figura, e por ela ser interpelado em cada momento histórico e cultural que toca à humanidade viver.

         Por não ser simplesmente uma figura histórica entre outras, Jesus Cristo é referência para todas as pessoas de todos os tempos e lugares.  Por não ser apenas uma projeção das primeiras comunidades, mas ter solidez histórica, Jesus Cristo pode ajudar concretamente a cada homem e a cada mulher em sua inserção real e histórica, em suas circunstâncias espaço-temporais.  Os nomes e títulos com que as testemunhas chamaram a este que confessaram como seu Senhor, podem ajudar-nos a compreender algo mais de sua complexa e fascinante identidade.

                     A designação de Jesus como Senhor  corresponde ao tratamento que se dava ao Jesus terreno. Possivelmente remete ao título de rabbi (mestre), implicando o reconhecimento de sua pessoa como senhor, assim como a disposição de obedecer-lhe (cf. Mt 7,21; 21, 29 ss: Lc 6,46). Isto faz com que Jesus esteja por cima das instituições humanas e religiosas, como o Sábado, e significa que as palavras do Jesus terreno tenham autoridade inquestionável para a comunidade, inclusive depois de sua morte e ressurreição. A invocação de fé Senhor  significa que a comunidade neotestamentária se submete a seu Senhor (Fil 2,11). Como Senhor exaltado, Jesus Cristo domina sobre toda a humanidade e todo o cosmos. Diante dele, todos os seres do cosmos dobrarão os joelhos, uma vez que honrando a ele, se honra ao próprio Deus Pai, à direita do qual ele está (Ef. 1,20; 1 Pe 3,22). Desta forma, Jesus Cristo recebe os mesmos títulos que Deus (cf. 1 Tim 6,15; cf. Dn 2,47). E por sua divindade e a graça que nos concede, permite-nos que nosso coração tenha os mesmos sentimentos que os seus: compaixão, perdão, misericórdia, amor sem limites. 

         No entanto, a proclamação de Jesus Cristo como Senhor tem uma particularidade que a faz diferente de todos os outros senhorios e completa o perfil deste Senhor que é o centro da fé cristã desde as origens até nossos dias. O senhorio de Jesus Cristo é inseparável de seu serviço. Seu senhorio se revela num serviço humilde e sem triunfalismo.  O Senhor exaltado é inseparavelmente o Servo de Deus e é por causa da sua condição de servo que se lhe pode proclamar Senhor.  O conceito de Servo, presente por exemplo em Mc 10,44, tem indubitavelmente o pano de fundo de Is 53,  centro de interesse dos cânticos do servo de Deus, que segundo uma antiga tradição foi aplicado a Jesus.  Este tema perpassa todos os Evangelhos Sinóticos, ainda que muitas vezes não expresso com a palavra servo. 

         Assim Jesus Cristo, o Senhor exaltado à direita de Deus Pai, é inseparavelmente o servo que se esvazia das prerrogativas gloriosas de sua condição divina, para entrar num caminho de obediência que o levará até o sacrifício da cruz (cf. Fil 2,5ss). Ele é o cordeiro que por seu sacrifício tira o pecado do mundo (Jo 1,29; At 8,32, 1 Pe 1,19).  Isso implica, para todos os cristãos, que entrar no caminho de Jesus Cristo é inelutavelmente entrar em sua obediência, em seu serviço humilde, em sua fidelidade ao Abbá=Pai, até a morte de cruz, em seu amor aos irmãos até dar por eles a vida.  Somente então se poderá participar em sua glória, na medida em que a infinita ciência e o senhorio de Deus o determinem.

         Por isso, crer e invocar o Coração de Jesus é buscar ter e ser animado pelos mesmos sentimentos de seu coração. A figura de Jesus Cristo no Novo Testamento une constantemente o presente e o futuro.  Não é uma figura dualista, que se feche na oposição entre o terreno e o celestial.  Na pessoa de Jesus Cristo estão definitivamente reconciliados e em feliz síntese, Deus e o homem, a Palavra e a perfeita escuta obediente, a revelação e a fé, a história e a interpretação da fé, a terra e o céu, a carne e o espírito. 

         Portanto, a mesma e única salvação já está aí por inteiro, e afeta e resgata os corpos de cada indivíduo, o corpo da sociedade e da Igreja dos homens e mulheres. Mas não somente isto, senão que é também promessa escatológica. Assim como a criação original, que é feita por Deus em Cristo, é sempre atual, assim também o céu está já presente na terra, havendo esta sido definitivamente invadida por aquele na Encarnação do Verbo.  Assim também a terra será escatologicamente transformada, por aquilo que já está dado pela encarnação, vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, por sua presença que estabelece uma nova rede de relações e inaugura um cosmos novo.

Trata-se de um mundo onde o banquete eucarístico reúne a todos num intercâmbio fraterno, no qual cada um tem sua parte sem detrimento para os outros. A metáfora do banquete, muito usada pelo próprio Jesus, revela de maneira excelente o que é a salvação de Jesus Cristo, uma vez que nele se revela não somente o que Deus quer e faz em favor do homem e da mulher, mas o que é Deus mesmo. Deus não é um teorema, um mistério lógico, mas é mistério de salvação, mistério de comunhão que atrai e possibilita, em Jesus Cristo, o acesso à comunhão profunda com ele. 

Esta salvação se dá num mundo atravessado pelo conflito e pela morte, e por isto seus sinais são precários e muitas vezes frágeis.  Olhando para Jesus Cristo, no entanto, podemos assumir esse duro combate e essa luta sem quartel, com o mesmo espírito do Servo de Deus, que se esvaziou a si mesmo, se fez obediente até a morte, tomando sobre si a violência e o pecado do mundo.  Assim os cristãos terão a força de manter-se de pé, com os pés bem fincados no presente e os olhos cheios de esperança, olhando para o horizonte que é todo ocupado por Jesus Cristo, vencedor do pecado e de todo o mal. Assim aqueles que creem e seguem a Jesus Cristo poderão pedir e experimentar o que significa ter um coração semelhante ao seu.

“Jesus, manso e humilde de coração, fazei nosso coração semelhante ao vosso”